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  Post 182 -  Junho de 2014  

 

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os suicidas de Marpi Point

 

 

No início de Julho de 1944, quando as tropas americanas preparavam o assalto final às ilhas japonesas do Pacífico, milhares de nativos escondiam-se nos buracos das falésias de Marpi Point, no pico norte de Saipan. Perante a ameaça do inimigo, centenas deles (incluindo velhos e crianças) atiraram-se ao mar, cumprindo à sua maneira um ritual suicida herdado dos antigos guerreiros samurais.

 

Ainda a propósito duma Europa subjugada pelos mercados e concebida para não permitir retorno, dos eurocépticos e dessa «estranha vontade de quebrar o laço que nos prende ao mundo...»

 

 

foto: ANGUS ROBERTSON/Official U.S. Marine Corps, Saipan, Junho de 1944.

 

  

   Durante a Idade Média, alguns guerreiros japoneses tinham por hábito cumprir um ritual suicida por esventramento, ao qual chamavam de seppuku e que realizavam quando eram ameaçados na sua honra. O processo consistia num corte horizontal na zona do abdómen, por baixo do umbigo, muitas vezes complementado com um rasgo de punhal até ao peito se as forças ainda o permitissem. A morte era confirmada por uma testemunha, o kaishakunin, que com uma espada executava um golpe cirúrgico para a decapitação. Tal prática servia para mostrar a coragem dos samurais, que orgulhosamente sacrificavam a própria vida para não terem que render-se ao inimigo.

 

   Durante a II Guerra Mundial, o ritual dos antigos samurais foi retomado pelos habitantes do norte de Saipan, onde os americanos preparavam a Operação Downfall para conquistarem as ilhas do Japão. Ignorando os apelos dos soldados americanos, tidos como cruéis e primitivos, centenas de homens, mulheres e crianças atiraram-se às águas entre o Mar das Filipinas e o Pacífico, a partir das gigantescas escarpas de Marpi Point, certos de que o inimigo seria dono das suas terras e das suas vidas. Saipan, a maior das quinze ilhas do Arquipélago das Marianas, é ainda hoje um protectorado americano, onde apenas cerca de 20% da população mantém o idioma nativo chamoru.

  

   Muitos anos se passaram sobre essa guerra longínqua que fez mais de 30 mil mortos, mas os fantasmas de Marpi Point parecem ressuscitar nessa «estranha vontade de quebrar o laço que nos prende ao mundo.» [ diário íntimo XXI ] Sendo que, agora, o mundo (a união monetária, os mercados, a austeridade...) está confinado a uma certa ideia de Europa que nos querem impor à força, fundada no mesmo princípio macrocéfalo das grandes holdings empresariais e originariamente concebida para não permitir retorno.

  

   Certos de que, como dizia Pascoaes, «não há pior erro do que esse de cultivar num povo qualidades estranhas que lhe não pertencem por natureza», para os eurocéticos, a quem não é sequer permitido o direito ao plebiscito, só há dois caminhos: a capitulação ou o suicídio, sendo que o suicídio é hoje uma espécie de resistência moral daqueles que escolheram não terem que render-se ao inimigo.

 

 

 

 

 

 

 

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