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  Post 144 -  Outubro de 2013  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

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o comboio de...

Cristina Peri Rossi

 

 

 

Às doces viagens da infância e às outras de tantas máquinas mentirosas, do transiberiano de Pasternak (Doutor Jivago, David Lean, 1965) aos radicais vagões da Alemanha com falsas promessas às raparigas casadoiras da Polónia, nunca faltou esse amargo sabor de espera pelos «motores que entre nós aceleram/ os vazios comboios do sonho» (Natália Correia, O Vinho e a Lira, 1969). Agora, há de novo esses tristes comboios dos que partem, indignados. E, no fim da linha, este outro comboio ressuscitado: do desencanto dos velhos que ficam, das verdadeiras (sábias e trágicas) revelações.

Falta-nos o comboio agressivo, dos revoltados...

 

 

 

 

Cristina Peri Rossi 2005.

Fonte: consumer.es

 

 

 

 

 

Vim de comboio

admirei a paisagem

em torno da tua cidade

e digo-te:

há um ar cinzento de cataclismo

atmosfera de desastre

plenilúnio de catástrofe

Anda

pela tua cidade

uma vigésima criança que mendiga

e óleos de musgo pendem

dos velhos edifícios

uma incerteza

vergôntea tragédia

um cheiro a rancor e a mortos

que me asfixia

ou será este silêncio das dez da noite pelas ruas

a cidade sem automóveis

a cidade com medo

e mil e um refugiados que se escondem nos bosques

dos teus perímetros balneários

e quinze mil presos políticos gemem em pocilgas

uma luta subterrânea

um medo opaco

uma relva seca

uma impressão de ressentimento

e um silêncio de agouro

negro pássaro de morte

que anuncia por todos os lados

a vinda de outros tempos.

 

CRISTINA PERI ROSSI

Indicios Pánicos, 1970

trad. Soledade Santos

 

 

 

 

_______

Diz hoje [ 30 de Outubro de 2013 ] o Jornal de Notícias, que o velho comboio da linha do Vouga (o comboio da minha juventude), «por questões de segurança, devido à elevada degradação da via férrea», já só pode andar a 10 quilómetros por hora: «fazer uma viagem de 30 km demora agora três horas.»

Assim anda o país, e nós como ele: devagar, devagarinho, já não como um sonho, mas como um pesadelo da infância...

 

«É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.» MIGUEL TORGA, Diário IX, Chaves, 17 de Setembro de 1961.

 

 

 

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que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

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